O PRAÇA É NOSSO - Auditoria de urna - por Gustavo Praça
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Publicado em 07/06/2021

Augusto de Carvalho - ex-prefeito de Resende / Foto: Arquivo Pessoal Família

 

Quando se realizar o mito do Quinto Império, com a volta de D. Sebastião, e estiver fundado o PCCCP (Partido Comunista com Capital Pulverizado) - harmonizando o que se considerava inconciliável - vai reinar o amor, e haverá congraçamento entre adversários políticos.

Então, é bem possível que se repita Brasil afora, quase como regra, uma cena acontecida aqui na região nos idos tempos em que Penedo e Itatiaia ainda eram distritos de Resende, município que é  terra de poetas, artistas e heróis, estando mesmo destinado a prenunciar a concórdia da raça humana.

Mas vamos ao acontecido:

Era fim dos anos 50, dia de eleição para prefeito e vereadores. Augusto de Carvalho, comandante do PTB, determinou que seu correligionário Dedé Dagele passasse o dia em Visconde de Mauá para vigiar a urna, temeroso – o Augusto – de que Antônio Quirino, primeiro chefe do clã dos Quirino e adversário político, que apoiava outro candidato a prefeito, pudesse promover alguma falcatrua.

Dedé chegou cedo e passou boa parte da manhã ao lado da urna, até que Antônio Quirino lhe disse:

“Ô Dedé, você não pode ficar aí no sol, em pé, o dia todo…Você já almoçou? Vamos almoçar lá em casa! O policial já está aí olhando a urna. Vamos lá em casa que você precisa conhecer um neto novo meu… Os meus filhos também gostam tanto de você… A patroa assou ontem uma leitoa que ficou uma delícia… A gente toma uma cachacinha e uma cerveja…”

Ao analisar, dias depois, o resultado das urnas, Augusto procurou o Dedé:

- Ô Dedé, você era candidato a vereador, sua seção era em Mauá, e você não teve nem um voto lá…

- Ah, seu Augusto… O Quirino me recebeu tão bem…Ele já fez tanta coisa pelo pessoal de lá... A familia Quirino é muito querida lá... Eu votei nele, seu Augusto…

 

 

 

        Duas doses

Quando tomei a segunda dose da Coronavac – e a Lana a primeira da Aztrazeneca – fomos visitar nossa filha Lila, que está morando num vale chamado Pedra Negra, na Mantiqueira. Paramos para almoçar em Santo Antônio, no gostoso restaurantezinho da Cida, onde a gente se serve na cozinha e almoça na varanda interagindo com os cachorros, que esperam, com educação,  um ossinho no final.

Gosto de almoçar tomando uma cachacinha. Pois bem: quando pensei em servir o segundo prato vi que só restava um fundinho no copo. Ponderei se era o caso encher de novo metade do copo ou se já seria exagero para a minha idade. Acabei tomando outra; saí de lá bonito... E já na casa da Lila, deitado numa esteira para uma soneca, ouvi ela perguntar:- Tomou as duas doses, pai ?

- Tomei.

Eu pensava na pinga e ela na vacina, o que percebi pouco antes de adormecer.

 

Gustavo Praça

 

 

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