O monólogo ‘Maria’, cuja montagem foi viabilizada via Governo Federal, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Lei Aldir Blanc é um comprovado sucesso de público e crítica. O espetáculo estrelado pelo ator Cláudio Mendes terá uma edição muito especial dia 17 de março, no aconchegante Jazz Village Bistrô, do hotel ‘Pequena Suécia’ em Penedo.
A apresentação, prevista para as 20 horas marca os cem anos denascimento do admirável cronista e compositor Antonio Maria, autor de clássicos pré-bossa nova como “Valsa de Uma Cidade”, “Manhã de Carnaval” e ‘Ninguém me ama’. Nesta noite, mais que especial Cláudio Mendes/Antonio Maria terá a visita especialíssima de Vinícius de Moraes, na pele do ator André Whately.
O encontro improvável desses dois ícones da música brasileira, em carne e osso, além de encantar a plateia, tende a escrever uma pagina digna dos principais palcos do país.
Depois de quatro temporadas de muito sucesso, o espetáculo ‘Maria’ que já rendeu a Cláudio Mendes duas indicações de melhor ator para os prêmios Cesgranrio e Botequim Cultural, está de volta aos palcos pelo centenário do cronista. Além do espetáculo do dia 17 de março no Jazz Village Bistrô na ex-colônia finlandesa de Penedo, haverá no dia seguinte, dia 18, no mesmo local, uma oficina (gratuita) com o ator falando de sua pesquisa e sobre a trajetória de Antônio Maria.
A temporada continua também no Teatro Petra Gold, no Rio. Falando em premiações, o iluminador da peça, Paulo César Medeiros também foi indicado ao Prêmio Cesgranrio. Os espetáculos no Rio e em Penedo respeitam as determinações do protocolo sanitário em razão dapandemia.
JAZZ VILLAGE BISTRÔ
Um é pouco, dois é bom, três é demais e quatro é mais que demais... O palco do Jazz Village Bistrô, um espaço artístico intimista do Hotel Pequena Suécia, na charmosa colônia finlandesa de Penedo está acostumado a receber nomes destacados no cenário musical do país e do exterior.
Dessa vez, além de Cláudio Medeiros e da participação preciosa da violoncelista Maria Clara Valle no monólogo sobre esse verdadeiro símbolo dos ‘Anos Dourados’ no Rio de Janeiro, o seleto palco abrigará outro personagem marcante da poesia, da música e da boemia carioca da época: Vinícius de Moraes. Encarnado no ator André Whately o “poetinha” estará presente como convidado, muito especial.
André, num paralelo a Cláudio, conta parte da vida e obra do poeta num espetáculo teatral, musical e poético que é apresentado há vinte e oito anos. O fato dos atores serem amigos e de ambos estarem ajudando a perpetuar as obras de dois gigantes da música brasileira, que quando vivos também eram amigos, é uma coincidência pra lá de feliz e generosa.
E André, que não para de pesquisar vida e obra do ‘poeta, compositor e diplomata’ vem colocando holofotes sobre uma parte da vida de Vinícius, que não é muito badalada: a importância que a Mantiqueira tem para a obra do bardo. Vinícius de Moraes se descobriu verdadeiramente e se acreditou como poeta à vera, em meio a montanhas, matas e rios da Serra da Mantiqueira.
Quando seu grande amigo Antonio Maria morreu, Vinícius estava em Itatiaia, na mata, entre as montanhas, onde escreveu uma carta para o cronista, com o título ‘Morrer num bar’. E logo no início da missiva ele se descortina e mostra onde eclodiu como poeta:
“Aqui, parado em frente a estas montanhas onde, há trinta anos atrás, descobri maravilhado que eu tinha uma voz para o canto mais alto da poesia, e para onde, neste mesmo hoje, você deveria chamar porque (dizia o recado) não aguentava mais de saudades - aprendo, sem galicismo e sem espanto, a sua morte”.
O MONÓLOGO
A peça é uma organização das crônicas e canções de Antônio Maria. Claudio Mendes costura o texto e as músicas construindo um enredo que revela numa autobiografia cênica, um largo espectro da vida e da obra do poeta. A parte musical conta com o apoio de luxo da violoncelista Maria Clara Valle. O tempo cronológico do espetáculo é o de um dia na vida de Maria, o dia de seu aniversário, mas suas lembranças é que dão o tom biográfico que cria o enredo da peça.
“Maria!” resgata o poeta e o traz de volta à luz no ano da comemoração do seu centenário. O espetáculo começa com o artista voltando para casa, um apartamento de quarto e sala em Copacabana, com o dia amanhecendo, vindo de mais uma noitada boêmia. Faz uma ode ao Rio de Janeiro, cidade que escolheu para viver e também critica seu abandono. Antes de dormir fala sobre cansaço, velhice e sua vida irrequieta. Adormece, enfim, e ao acordar entre as várias tarefas que tem para cumprir, escrevendo crônicas para a rádio e para o jornal, conversa sobre feiura, velhice, solidão, amor, trabalho, dívidas, insatisfações.
Sem conseguir escrever uma linha, nem sobre si mesmo, ele abre o seu diário e relembra o Carnaval de sua infância no Recife, sua chegada ao Rio de Janeiro, na Lapa dos anos 40, cheio de deslumbramentos. Ao anoitecer ele sai de casa, vai cair no Sacha’s, como sempre, e lá encontra seus amigos: Vinícius de Moraes, Di Cavalcanti, Maysa e lamenta a perda de sua amiga querida, Dolores Duran, de quem se recorda com muita saudade.
Dia amanhecendo, nosso cronista volta para casa pela orla, onde o “colar de pérolas” ainda aceso vai se apagando com a luz da manhã. Ele fala sobre Copacabana, bairro onde morou boa parte de sua vida e onde morreu.
Chegando em casa ele só quer o merecido descanso, o sossego. É apenas mais uma noite de sono, mas podemos imaginar que possa ser a última. O Menino Grande deixa-nos um último samba, melancólico, mas cheio de humor, como era o próprio Antônio Maria.
CLAUDIO MENDES
Claudio Mendes, 35 anos de carreira e mais de 70 espetáculos realizados com diretores como Amir Haddad e Aderbal Freire-Filho, seus parceiros mais frequentes. No cinema atuou recentemente no filme “Carlinhos & Carlāo” disponível na Amazon Prime Vídeo.
Integrou o elenco de “Simonal”, de Leonardo Domingues. A mais recente participação em TV foi na novela da Rede Globo “A Dona do Pedaço”, interpretando o Pastor Emanuel. Antes, fez o Dr. Herberto, na novela “O Tempo não para”, também da Globo fazendo dupla cômica com Eva Wilma e Luis Fernando Guimarães.
ANDRÉ WHATELY
André Whately, 36 anos de carreira como ator em mais de 10 peças teatrais, diretor teatral em mais de seis montagens, entre elas “Vinicius de Moraes...é demais! Um espetáculo de música, teatro e poesia, onde também responde pela pesquisa, roteiro e direção, em cartaz há 28 anos.
Na televisão participou do programa Chico Anysio Show na TV Globo e da novela Kananga do Japão na TV Manchete.
MARIA ! 100 ANOS !
Local: Jazz Village Bistrô (Hotel Pequena Suécia) – Penedo (Itatiaia)
Classificação indicativa: Livre
Duração: 50 minutos