O Brasil está vivendo um aumento no número de novos casos e mortes de pessoas contaminadas pela Covid-19 em alguns estados e municípios ao longo das últimas semanas. Isso é o que revela o novo Boletim Observatório Fiocruz Covid-19, que mostra a taxa de incidência, que já se encontrava em níveis altos por todo o País, mas agora voltou a subir.
Esse boletim é realizado por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores da Fiocruz, com objetivo de estudar a Covid-19 em suas diferentes áreas. O documento é divulgado a cada quinze dias pela instituição, apresentando um panorama geral do cenário epidemiológico da doença com destaque para indicadores como a taxa de ocupação de leitos e dados de hospitalização e óbitos por Síndrome Respiratória Aguda (SRAG), que incluem casos severos da Covid-19.
De acordo com o documento, o diagnóstico inicial da capacidade instalada no País para o atendimento de pacientes graves da Covid-19 revelou grandes desigualdades entre as regiões e forte concentração de recursos voltados para o setor de saúde suplementar em áreas específicas, com grande diferença entre a disponibilidade de leitos de UTI para atender os 75% de cidadãos brasileiros dependentes do SUS e os 25% portadores de planos de saúde.
Esse cenário tem causado impacto na ocupação de leitos de UTI para o tratamento do coronavírus, como exemplifica o subsecretário de Vigilância em Saúde do Espírito Santo, Luiz Carlos Reblin. “Estamos vivenciando o que aconteceu no começo da pandemia. O aumento de casos na região metropolitana deverá firmar um pequeno platô nas próximas semanas e depois segue para uma queda. Paralelo a isso, vai iniciar, também nesse período, um aumento de casos no interior. Isso vai fazer com que tenhamos uma concomitância ainda de casos altos na grande Vitória e o aumento de casos no interior. Isso, para nós, traz uma pressão no sistema assistencial”, disse.
De acordo com Luiz Carlos, o Espírito Santo vai passar por esse quadro “muito bem, pois nós planejamos a quantidade de leitos de UTI, chegando a 715 no auge da pandemia – que foi o estimado para atender com segurança nossos pacientes. Mas se houver um aumento de casos para além do que tivemos no começo da pandemia, o estado pode chegar a 800 leitos” afirmou.
Apesar dessas informações, os pesquisadores do Observatório sugerem cautela quanto a afirmar que o Brasil vive uma “segunda onda” da pandemia, sendo que o cenário epidemiológico deve ser monitorado. A recomendação é a de tomar todas as medidas de proteção, como também orienta a Confederação Nacional de Municípios (CNM).
Especial Covid-19: afinal, o Brasil já está passando pela segunda onda da doença?
Número de internações por Covid-19 volta a subir na Paraíba
Segundo consultor da área de saúde da CNM, Denilson Magalhães, a entidade tem norteado aos gestores municipais que avaliem como a doença tem se comportado pela região para elaborar medidas efetivas na prevenção à Covid-19. Com isso, é necessário observar.
“O que a CNM tem feito, e mantém suas atividades nesse sentido, é orientar que cada gestor desenvolva todas as atividades para monitoramento e identificação dos casos, principalmente, as ações de prevenção da transmissão do coronavírus. Cabe a cada gestor local avaliar a sua situação epidemiológica e definir quais as melhores medidas adotar para ter o controle da pandemia no seu município”, informou Magalhães.
Para a CNM, neste momento, a prevenção e as normas de segurança devem ser prioridade como no início da pandemia. Caso seja necessário, os gestores municipais podem receber auxílio da Confederação com informações e orientações, como a de encaminhar pacientes para a Atenção Primária à Saúde que é a porta de entrada da população ao Sistema Único de Saúde (SUS), como um “postinho de saúde” perto da sua casa.
Fonte: Brasil 61