Tradição, cultura e religiosidade, a procissão de Santa Luzia acontece há mais de 30 anos em Penedo
(Imagem de Santa Lúcia: Reprodução de redes sociais)
Santa Lúcia como é conhecida nos países nórdicos e na Itália onde nasceu, ou Santa Luzia para os brasileiros é considerada a protetora dos olhos, a janela da alma e canal de luz, já que seu nome Luzia deriva da palavra luz.
Conta a tradição que a santa gostava de levar alimentos para os cristãos que eram perseguidos pelas autoridades em Roma e precisavam se esconder nas catacumbas, assim para que Luzia pudesse achar o caminho em meio a escuridão e ainda segurar as comidas, a santa colocava sobre a cabeça uma coroa com velas para iluminar o caminho. Diante da tradição e regados pela fé, no dia 13 de dezembro, dia de maior escuridão devido ao período do inverno nos países nórdicos, é comemorada a festa de Santa Luzia, abrindo as comemorações de natal.
Em Penedo, a tradição mantém-se viva e nem mesmo a pandemia ocasionada pelo Coronavírus, foi capaz de apagar a fé e a esperança do coração de Marie Louise, proprietária do hotel Pequena Suécia e que ao longo de 33 anos celebra a festa de Santa Luzia, “a gente comemora a festa de Santa Luzia desde 1988 quando eu e minha mãe reabrimos o hotel com o nome de Pequena Suécia e passamos a comemorar algumas datas típicas da Suécia, como a de Santa Luzia” lembra Marie.
(Marie Louise - Foto arquivo pessoal)
Marie nos contou ainda, que a celebração acabou virando uma procissão, por ser um termo mais brasileiro e estar mais familiarizado com a cultura local. Este ano, o evento que já percorreu as ruas da cidade, precisou se restringir ao restaurante do hotel e nem mesmo a chuva tirou o brilho da festa, “é muito emocionante e as pessoas ficam bem agitadas, até porque, apesar de no Brasil sermos abençoados com tanta luz solar, conhecemos outras formas de escuridão”.
A proprietária nos explicou também, que para ela o mais interessante da festa é a união das culturas nórdicas e do Sul da Europa, junto às religiões Católica e Protestante, pois Santa Luzia é venerada pelos fiéis católicos e a Suécia, é um país luterano.
Como a Santa representa a luz e em várias regiões da Suécia os dias são muito escuros devido a posição do Sol - existem locais onde só há luminosidade natural , durante uma ou duas horas durante o dia - o fenômeno gera uma sensação de angústia e até mesmo problemas psicológicos.
Devido a escuridão, a Santa da Luz sueca, é diferente da imagem original do cristianismo. Ela se caracteriza pelas vestes brancas, um cinto vermelho e uma coroa de luzes sobre a cabeça, passando a ser venerada como sinal de esperança e chegada da luz para os fieis suecos.
(Procissão no hotel Pequena Suécia este ano - Foto: Arquivo Pessoal)
A músicalidade é importante também neste contexto e tem seus simbolismos. “A música sueca do evento, diz exatamente o peso que é essa escuridão, e traduzida para o português fala que diante da escuridão, dentro da casa deles vem entrando a Luzia, a luz, que ali é representada pela coroa de velas na cabeça”, ensina Marie Louise.
Assim, unindo tradição, cultura e religiosidade, a procissão de Santa Luzia, segue levando luz para aqueles que esperam por ela, seja para iluminar o inverno na Suécia ou trazer esperança em meio a pandemia, pois como diz a canção da festa: “trazendo a luz, já vem Santa Luzia!".
(Por Maria Luiza Fernandes - Colaboradora Rádio TV Penedo)