Começou na última quarta-feira (6) a 3ª edição do Festival de Arte Vale do Paraíba, neste ano homenageando a dupla de viola caipira Pena Branca e Xavantinho. O repertório construído em quase quarenta anos de carreira pela dupla será revisitado por 20 artistas até o próximo domingo (10).
Pena Branca e Xavantinho iniciaram a carreira em 1962, em Minas Gerais. Em 1968, a dupla se mudou para São Paulo, onde conseguiu abrir caminho para o sucesso. “Foram descobertos pela Inezita Barroso. Chamavam ela carinhosamente de madrinha”, comenta a idealizadora do festival, Ivete Nenflidio.
A dupla ganhou espaço ao trazer canções MPB para a viola caipira. Entre as versões mais conhecidas estão Morro Velho, de Milton Nascimento, e Ciúme, de Caetano Veloso. “Quem teve a oportunidade de conhecer e trabalhar com a dupla, além do trabalho de resgate cultural que eles faziam, eles eram pessoas muito generosas”, conta Ivete, que trabalhou com ambos. Xavantinho morreu em 1999 e Pena Branca em 2010.
A cultura popular também era uma influência muito presente no trabalho da dupla. “Todo álbum que eles lançavam, eles escolhiam uma folia de reis. Eles eram muito próximos com esse universo, com essas questões religiosas”, enfatiza a produtora da mostra ao explicar que a própria data de início do festival foi pensada para coincidir com o Dia de Reis (6 de janeiro).
COMO ASSISTIR
Devido à pandemia do novo coronavírus, todo o festival será apresentado neste ano pela internet, podendo ser assistida pela página do evento, onde também está disponível a programação completa, ou pelos canais no Youtube e Facebook.
(Nô Stopa e Claudio Lacerda no festival: FOTO: Kleber Pereira)
Na abertura um solo do violeiro e compositor Fábio Miranda. Subirão ao palco ainda nomes como Claudio Lacerda, Ricardo Zoyo, Priscila Brigante, Ana Rodriguês, Osni Ribeiro e Arnaldo Silva.
No último dia, o luthier Luciano Queiroz faz uma oficina sobre a constituição da viola caipira. Ainda no domingo, a programação se expande para além dos violeiros, com grupos de folia de reis, jongo e maracatu.
A expectativa da organização é que o festival possa chegar a televisão aberta após as apresentações online. “Mais de 70% no publico presente no festival eram pessoas acima de 50 anos”, diz Ivete sobre a plateia que acompanhou as duas edições anteriores nos municípios do Vale do Paraíba, interior paulista.
Como os idosos são maioria entre os expectadores, a
idealizadora espera conseguir espaço em TVs públicas para atender melhor a esse público. “A gente sabe que o público idoso tem um pouco de dificuldade para acessar as plataformas digitais”, ressalta.
(FONTE: Agência Brasil / EBC)